segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Folga

Uai, não é possível! Logo hoje que estou precisando de fazer o cabelo, chego aqui e vejo esta placa, detalhe, escrito em letras gar-ra-fais: Estamos de folga esta semana!, desculpe as poucas letras.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Maristella

O interfone toca. Ela fica atenta, sente que algo de errado está acontecendo. Ele, sem graça, despista a conversa ao aparelho. Gesticula, argumenta, pede clemência. Ela fica de longe só observando. Coloca-o novamente no gancho, passa a mão no rosto e caminha até a sala. Ela olhando. Ele se recompondo... Ela num olhar questiona, ele responde:
  
Não, não é bem isto. Você no-va-men-te não entendeu nada. É claro!, penso todos os dias. Tem razão. Como fui me enfiar nessa joça? Sei, sei e já disse que sei. Olha menina, não me venha com prerrogativas, a vida já não está fácil e, antes de mais nada, saiba: não é porque é você que tenho que abaixar a bunda e colocá-la na janela. Eu sei… eu prometi, mas eu não sabia que tudo isso ia dar nisso. Claro, seus olhos me encantam. Seu carinho me afaga. Mas a culpa não é minha. É dela, aliás, são deles. O que vamos fazer? Não abro mão de ti. Brigo. Pago. Rasgo. Pego este maldito contrato e rasgo. Vem aqui… pode dormir no quarto hoje. Boa noite, amanhã cedo penso direito...

Ela entra, caminha até ao lado da cama, roda pelo tapete verde e se aquieta. Em poucos minutos roncos e sossego

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

De repente...

- Clarinha...
- Humberto! Quanto tempo, hein?
- É, você falou que iria me ligar no outro dia e até hoje nada...
- Pois é, não deu...
- Que aconteceu? Perdeu meu número?
- Não, não... eu até pensei em ligar, mas...
- Ah, entendo... não gostou da transa, né?
- Não, gostei demais...
- Então porque não ligou? Não queria mais?
- Clarinha, querer eu queria, mas...
- ... pensou que eu iria pegar no seu pé, né?
- Bem, eu não estou muito a fim de relacionamento sério, entende?
- Nem eu!
- É mesmo?
- É! Prefiro pegar um cara aqui, outro numa balada acolá...
- Ah, pensei que você fosse do tipo careta...
- Eu? Careta? Que nada... agora mesmo acabei de transar com o Carlos...
- Carlos? Da faculdade?
- Isso, o da barba...'
- Mas ele não é gay?
- Ah, mas com certos estímulos, ele até deu pro gasto...
- Nossa! 
- E você, Humberto, que tá aprontando?
- Ah, ando aí trabalhando com marketing...
- Hum... com o Teodoro?
- Com ele mesmo!
- Me passa o número dele, eu perdi...
- Não me diga que você e ele já...
- Uma das melhores fodas que já tive...
- Poxa, Clarinha... com quem que conheço que você ainda não transou?
- Com seu irmão...
- O Gustavo, você tá de olho no Gustavo?
- Ah, se ele estiver disponível, de repente...
- Porra, e pensar que eu cheguei a pensar que você queria ter um relacionamento sério comigo...
- Quem quer muito ter um relacionamento sério com você é o Carlos!
- O da barba?
- Ele mesmo... te acha um gato!
- Olha... quem sabe, de repente...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Eu sei


Foram dias,
Noites acesas,
Calor,
Mas tudo passa,
Sempre,
Passa...
Eu sei,

Deserto em luz,
Solidão aflita,
Desejos incandescentes,
Inexatidão exata,
Tropeços em plano,
Planos sem metas,
Metas...

Foram noites,
Dias escuros,
Frio,
Mas tudo passa,
Sempre,
Passa...
Eu sei,

No meu peito,
Apenas o desejo,
De algo,
Que como você,
Procurava,
Em dias,
Noites...

Eu sei,
Eu sei,
Eu sei.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Lençóis de cetim


É…

Fique calma, não se aflija, pois serão apenas, e poucas, palavras. Coisa de nada. Pouca coisa de um tudo. Tudo isso que um dia nos passou pela cabeça. Roupas jogadas, beijos beijados, falo no teu falar, gozos, gostos, lençóis. Cetim negro espalhado pelo quarto. Luz à meia luz. Intensos espasmos em curtos períodos. Há marcas. Estas marcaram-me a alma. Essa que hoje, você aí, desdenha e canta canções que ainda não terminei. Em frangalhos fico aqui. Esta selva aproveita os meus recortes e me consome. Pedra, selva, mundo, imundice, quarto. Passeio pelos quartos, esses mesmos onde já dormi com você. E hoje, neste dia sombrio, ainda passeio com a esperança de lhe encontrar nua espalhada sobre os lençóis negros de cetim, pelo qual escorregávamos, e onde nos encontrávamos. E mesmo triste, com o pau em riste, você também verá uma triste beleza. Pois é claro, minha cara, existe sim, existe sim uma beleza em toda essa tristeza.

Aqueço o peito com o café amargo, como uma fatia de queijo, ascendo um incenso, caminho até o quarto e espero as horas passarem. Deito em lençóis negros de cetim...

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A sistemática das coisas imperfeitas

- Isso acontece...
- Eu sei...

Acendeu o cigarro, mesmo jurando, há mais de dez anos atrás, nunca mais voltar ao vício. Do lado, a mulher mais bela de toda a cidade, nua, cabelos soltos permeando o ambiente com seu perfume inconfundível.

- Vamos de novo?
- Espera só um pouco, tá?

Levantou, andou de pés descalços no frio piso da pousada, dirigiu-se ao banheiro. Deixou o Malboro queimar em cima da pia e se olhou no espelho, relembrando suas últimas horas: a chegada, a pergunta sobre onde iria se hospedar, o banho, a roupa para aguentar o frio, o bar onde se sentou, os olhares que trocaram, o beijo e o convite para o sexo. Jogou água no rosto, olhou novamente sua imagem no espelho, vislumbrou uma parte do seu corpo nu.

- Tá aí?
- Sim...
- Vem, tá frio aí...

Chegou rente à cama, apreciou novamente o corpo dela e delicadamente acariciou seus pés, pernas e conseguiu um suspiro. Com outra mão, acariciou os seios, o pescoço e arrancou, desta vez, uma súplica... 

- Vem, vem, vamos tentar de novo...
- Acho que não consigo...
- Quer que eu chupe?

Ah, a famigerada impotência sexual...

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Doce da vida...


Mas é amargo. É sempre assim? E a vida, parece com ele? Na verdade se adoçarmos aos poucos fica bom. A vida também. Temos nossos torrões de açúcar que ajudam a adoçá-la. Mas nem sempre os torrões disponíveis são suficientes. E aqui, temos os torrões necessários para xícara? Café desperta. E a vida, o que a desperta? Você desperta a minha vida. Você e ele. Cada qual com seu jeito. Sempre a despertam. E eternamente a adoçaram também.  Assim como a fé é o sal da vida, filhos são o que fazer a vida ficar mais doce. E vocês, cada qual da sua maneira, adoçam a minha.

Fecha a caderneta, levanta da cadeira, olha pela janela, puxa a cordinha do sinal, o ônibus para, ele desce e sobe a Bahia em direção a Augusto... Manhãs gris de agosto.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Sexo a 3


Esperava impaciente a sua vez. O terceiro colocado no jogo de azar feito lá em baixo, num bar mal falado onde todos são suspeitos, esperava na porta, inquieto, a hora em que a mulher dama o chamaria para consumar sua dívida de sexo.

Pagaram antes, os três. Três notas para cá, três promessa pra lá. Entrou o primeiro e ouviu-se gritos falsos da puta, gemidos de prazer contestáveis e o ranger da cama de mola velho. Fechou os olhos e imaginou o lugar: luz vermelha, um rolo de papel higiênico para a primeira e última limpeza dos órgãos sexuais, candelabro em cima de um criado mudo, tapete velho nos dois lados da cama, uma velha pia pingando água insistentemente e o cheiro característico de sexo permeando o ambiente promíscuo. Entrou o segundo pouco tempo depois e os mesmos gemidos, os mesmos gritos que soam falsos à ouvidos atentos e o mesmo ranger de molas. Saíram os dois, ajeitando as roupas, e o terceiro entrou. A dama ordenou que tirasse a roupa e o frangote assim o fez, ainda trêmulo. Com suas unhas vermelhas, terminou de puxar a peça que encobria as vergonhas e pôs-se a chupar a rola adormecida do rapaz. Ele observava o ambiente: pedaços de papel lambrecados de sêmen espalhados ao lado da cama, a roupa barata de quenga no cabide e porra seca grudada no cabelo longo da prostituta.

Afastou-a rispidamente. Dela ouviu desaforos, ouviu a verdade que era virgem, ouviu risos dos amigos que lhe esperavam do outro lado da porta, ouviu o desabafo do seu peito. A respiração tornou-se menos ofegante assim que desceu as escadas e ganhou a rua, desta vez sozinho.

Havia se tornado um homem.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O suicídio de Helena

Não estava em seu estado normal. Estava transtornada. Não aguentava mais o apartamento, não aguentava mais a vista da janela, não aguentava o brilho etéreo de suas lâmpadas e abajures. E principalmente, não aguentava mais olhar no espelho e ver aquele rosto pálido e frágil lhe encarando de volta. Não aguentava mais aquele vazio.

Todos tinham partido. Helena ficara sozinha consigo mesma. E seus pensamentos eram negativos demais, obscuros demais, exaustivos até. E não conseguia parar de pensar, mesmo esvaziando a mente, a paz durava alguns segundos e logo todo o negrume invadia sua mente e a tomava por inteiro, tornando sua angústia ainda pior.

Não sabia mais o que fazer. Precisava retomar as rédeas de sua própria vida. Era hora de mudar radicalmente. Esquecer a Helena inocente, a Helena sofredora, a Helena dominadora, a Helena submissa, a Helena cheia de segredos. Decidiu recomeçar, se purificar. Começaria pelo armário.
Jogou todas as roupas pretas em cima da cama de casa, com roupa de cama também negra, e começou a escolher e separar em duas pilhas. A maior, roupas que seriam doadas, vendidas ou até jogadas fora, não poderiam mais ficar, estavam carregadas de lembranças, pensamentos, coisas que não faziam mais bem. Já a menor, com umas poucas peças recatadas, com desenhos alegres, ficariam, mas bem no fundo do armário, Helena evitaria o preto daqui pra frente.

Tirou a própria roupa do corpo, enrolou-se numa toalha cor de rosa, simples, mas alegre. Sentou-se à janela e notou que sobraram poucas peças de roupa no armário, praticamente tudo que tinha era preto, até a decoração de seu quarto era preta. Helena precisava de um novo ambiente, precisava de luz.

Enfiou-se no chuveiro, lavou-se até sentir que todos os pensamentos tristes deixaram seu corpo. Vestiu a única peça de roupa alegre que tinha no armário, um vestido vermelho, curto e solto ao redor do corpo, estampado com borboletas brancas. Calçou o único par de sandálias que possuía, uma de salto baixo, também vermelha com branco, ganhara-as junto com o vestido, na última tentativa de sua mãe de fazê-la “mudar de estilo”, como ela dizia.

Saiu para a rua, foi passear e admirar pela primeira vez em seis anos os arredores do lugar que morava. Parecia que era a primeira vez que abria os olhos, os ouvidos, todos os seus sentidos pareciam estar despertando nesse momento. Ouvia os pássaros, o vento, as crianças correndo e brincando e seus pais a lhes cuidar. Via o céu, o sol, as árvores, as pessoas. Sentia o cheiro de grama recém cortada. Sentia o gosto da pipoca doce que comprara. Sentia a textura do banco de madeira onde estava sentada admirando o mundo.

Helena finalmente se sentia completa. A luz, o calor e as risadas a preenchiam, deixavam-na embriagada, faziam-na sorrir. Ela sentira falta desse sorriso espontâneo, natural, inesperado, um sorriso que há muito não aparecia no rosto de Helena. Nem mesmo o suposto amor que sentira tinha feito ela se sentir tão bem.

Agora Helena abandonava essa metade sombria que lhe assolava a alma.

Enfim assumia ser quem realmente era.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Vem sambar, Matilde


Foi no seu balanço e mais dois whiskys que decidi parar. Andei tantos e tantos anos. E neste seu swing eu resolvi parar. Você me mexe. A mecha ruiva lilás de seus cabelos loiros também me mexe. Seu corpo cor de fogo me mexe. Definitivamente você, morena, me mexe.  O copo está transbordando, o gelo derrete, o seu fogo, o meu fogo, dormência num único copo, samba-rock na vitrola, um black no cristal, você, minha black, a dançar sala adentro. Tranco a porta, não te quero lá fora. O mundo... o mundo que se exploda, pois você, minha belezura, é minha, só minha, dance... dance... troco, claro que troco, sempre troco suas sandálias de prata quantas vezes forem necessárias. Vem...
Rebolo desconjuntado ao seu lado. Qualquer um fica no desengonço total ao seu lado. Olhe seus passos, me passe um pouco do teu mel. Me lambuze em teu corpo nu. A dois por dois suplica sua presença. Fecho a luz, apago as cortinas, danço no seu rebolar. Rebolo em você. O doce do carvalho no teu corpo, você é meu copo. Embebedo-me em teus poros. Desejo você como nunca, como sempre, como tudo. Você e seu swing. Desengonço mais uma vez e caio nas graças dos meios de suas coxas. Embriago-me em teus caldos. Suma com esse importado, o que me interessa é o teu produto nacional. Viro Hugo e nacionalizo você. Você é a musa. Minha musa. Quente e doce os meios de suas coxas. Dance...
Ébrio, no teu corpo, adormeço.  Mesmo em sonhos rebolo com seu rebolar. Caminhos que caminhei. Desejos que desejei. E agora, depois destes dois whiskys e seu balanço, resolvo parar. Pulo em puro júbilo, demente é quem não ama, nem que seja por uma noite, por uma mulher, por uma calcinha dependurada no box do banheiro pela manhã. Eu te amo minha musa nacionalizada na República Federativa do Santa Tereza. Até essa, minha linda e única deusa, está encantada com seu rebolar, e é por isso que Tereza continua a cantar, com suas sandálias de pratas. Durma...
A bolacha para de tocar, o whisky barato no copo, a cabeça a girar e Jorge Ben profetizando: Vem morena vem, Vem morena vem sambar, vem morena vem, que o samba está a lhe esperar... enquanto isto, fico com estes dois whiskys...

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O problema é o amor


Bashar al-Assad ama o poder, assim como os insurgentes amam a liberdade.
Muita gente ama amar sem camisinha, mas ninguém ama uma pessoa só.
Tem gente que ama e faz bobagem; outras fazem bobagem por amor.
O amor em foco, o amor em evidência, o amor como centro de tudo e de todos.


Tem gente que ama heróis em quadrinhos - e isso não é problema nenhum, mas existem psicopatas que adoram matar inocentes em cinemas.
Muitos políticos amam desviar dinheiro público, assim como muitos cidadãos amam desperdiçar o seu voto.
O ditador sírio, o Saddam e o Slobodan, todos eles que provavelmente não vão para o céu, será que amaram trucidar o povo em prol do amor seu ao poder?

O amor é o problema! 
Ou seria o problema a falta de amor?

domingo, 29 de julho de 2012

Roleta Russa

O sol já não esquentava como no início da tarde. A penumbra tomava conta de todo o cômodo. Na vitrola uma bolacha de Jamelão. A voz arrebatadora o inundava a alma. O chiado do vinil o levava em lugares ainda não explorados dentro do peito. O berro a mão, lembrava das últimas palavras: “Boa sorte na sua nova roleta russa.”
Girava o tambor ainda vazio e olhava para a mesa. Seis vagas e um único morador. A cápsula prateada ali. A sua frente.  Era uma única que poderia acabar com todo aquele sofrimento. Olhou pelo vão da porta. A saída logo ali. Um gole de café. Um novo respirar. Levantou-se da cadeira. Caminhou até a vitrola. Desligou. Caminhou até a porta. Girou a maçaneta. Deixou o ar da noite o abraçar. Chorou a última lágrima. Passou pelo marco, o marco da sua vida, e caminhou para rua.
Roleta russa – Pensou novamente.
Desceu a Mármore sem muita pressa, era sexta-feira e Moa ficava até mais tarde. Teve sorte. Estava vazio. Sentou-se. Relaxou-se. Ofereceu o pescoço e a espuma o ganhava. Entre espumas e giletes libertou-se.
Ela me disse boa sorte na sua nova roleta russa. Você acredita? Melhor ter mais cinco chances de ser feliz do que amargurar-me pelo resto da vida por um amor que não foi bem. Quantas mulheres você já amou? Tentar dói... dói muito, e como dói. Deus sabe bem, mas me dói mais a alma se não houver tentativa. Mínguo-me, e aos poucos, de tanto em tanto, morro. Morrer deve doer. Deve doer muito mais que ficar sem amar. Dor de amor dói. Mas de desamor deve ser mais cáustico. E ela me disse boa sorte na sua nova roleta russa... Problema é dela com suas teorias, com seus sonhos infantis de casal perfeito, com seus problemas de homens com quem desfilou, daqueles que a sacanearam, daqueles filhos da puta que a roubaram, problema é dela. Eu estive ali, aqui e acolá. Tentei. Juro que tentei. Pensei em desistir. Mas a roleta está aqui. Pronta. Engatilhada. Tudo pronto. Basta apertar o gatilho e respirar novamente no som do click sem o bum. Melhor viver meu amor. Melhor sentir a brisa todos os dias pela manhã. Melhor é viver com quem quer viver, do quê minguar com quem quer minguar. E a filha da puta me disse para ter boa sorte na minha nova roleta russa. É meu caro, a vida não está fácil pra ninguém...
Mais creme, mais giletes, mais morte sendo arrancada do rosto. No final a loção para lembrá-lo que a reflexão havia terminado. Um sorriso. Apertos de mãos. Alguns tapinhas nas costas. Palavras e aconselhamentos e ele ganha a Mármore. Lentamente foi subindo e sentindo o cheiro da rua, da vida, da santa, de Tereza, mulher que me ama apaixonadamente. Cantarolando ele, o mestre: “Ela disse-me assim, tenha pena de mim, vai embora...”

sernonsense

“Mas por que chora tanto?” Perguntou o pássaro que, por entre os galhos do pé-de-árvore caidos do teto do quarto de paredes listradas, dizia, sorridente, palavras sem sons. E sentada à beira da cama, a menina alisa uma nuvem com os pés e soluçava: “Para chorar não é preciso motivo, nem aviso. O choro vem, basta estar vivo. Não me privo de chorar dias. Não é mania, nem gozo pela agonia. É uma tristeza sadia, daquelas que temos de ter para nos sentir vivos”. As ondas sonoras do choro baixinho ao poucos tomava conta do quarto, vazava pela janela e desenhava uma trilha no azul sem fim do espaço.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Ainda dá tempo!


Corre, dá tempo.

Ainda falta alguns minutos, talvez mais de um minuto, dois ou três, mas dá tempo.

Anda, corre! Corre, mas não muito. Não vá se apressar demais, dar chance para o azar. Pode acontecer alguma coisa no percurso, uma coisa ruim. Vem correndo, mas não tanto. Preciso de você aqui, rápido, urgente...

Dá tempo, eu sei. Você sabe! O tempo passa, a gente envelhece, as crianças estão dormindo e logo o sol nasce! E você ainda não chegou, estou esperando! Anda, mas não ande tão devagar! Venha! Corre, dá tempo...

Faltam alguns minutos para o grande evento. Talvez você chegue um pouco atrasado, não ligo, mas você aqui é o que interessa. Venha, quero te ver, mesmo suado, mesmo esbaforido e sem ar devido a escada. Venha, pare o que está fazendo e venha, corre, dá tempo...

Se demorar, talvez não esteja mais aqui...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Uma guinada

Helena estava no sofá, esperando Marcos chegar para irem jantar, quando o telefone tocou. Era seu chefe, pedindo para ela adiar a folga, que nem sabia que teria, pois havia um cliente especial da boate querendo falar com ela. Ligou para o namorado, perguntando do que se tratava essa ‘folga’ e explicando que teria de ir trabalhar.

Marcos ficou chateado, mas cancelou a reserva e levou Helena para comer qualquer coisa numa lanchonete perto da boate. Inventou algo sobre querer comemorar o aniversário deles a noite inteira e foi pra casa derrotado. Helena desculpou-se e prometeu compensar para ele no próximo mês.

Helena estava novamente com roupas sensuais, e, chegando ao balcão já localizou o chefe para saber quem era o cliente e o que ele queria. Dani, o chefe, explicou que queria Helena no ‘negócio’ paralelo em que ele investia. Ele queria que ela trabalhasse como acompanhante para os melhores clientes da boate.

Ela ficou hesitante, mas Dani e o cliente a confortaram e convenceram-na de que ela teria apenas que ir à uma festa, fazer companhia mesmo. Helena aceitou. O cliente desfilou pela festa com Helena como se ela fosse um troféu, sorridente, orgulhoso. Apresentou-a como uma amiga estimada. E depois deixou-a em casa, despediu-se com um carinhoso beijo no rosto de Helena, entregou-lhe um envelope pardo com seu pagamento e prometeu ligar mais vezes.

Helena aproveitou o dinheiro extra para se dar alguns luxos e decidiu continuar nesse ramo, mas sem conversar com Marcos; ele surtaria. Mesmo Helena não fazendo nada de mais.

Por enquanto…

domingo, 22 de julho de 2012

Nem sequer tem título


- Bom dia.
- Bom dia!
- Tem alguém na minha frente?
- Não, é só terminar aqui e você já pode se assentar.

Ele se ajeita no banco encostado a parede, tira o telefone do bolso e fica vendo alguma coisa.

- Sua vez!

Levanta, tira os óculos, coloca na prateleira, guarda a carteira, se ajeita na cadeira Ferrante, e diz:

- Apare as costeletas e corta a barbicha como triângulo. Lembra como era? Formato faraônico!
- Claro que lembro, não tem dois meses que a cortei. Lembra?
- Pois bem...

E começa o lavoro. Sem um pio sequer. Nada, nem uma palavra. 

- E o Galo?
- Está indo bem.

Passado mais alguns minutos...

- E a mocinha? Como está indo?
- Caminhando.

Mais alguns bons dez minutos...

- O tamanho da barba está bom? Quer que tire mais? Escamoteia mais ou deixa assim?
- Está bom. Melhor não forçar, vai que estoura a pele? Pode passar a loção

Feito, ele levanta a cadeira e começa a acertar a costeleta.

- E o bacana lá de Mariana?
- Não sei. Não o vejo desde aquele dia.

Mais umas tesouradas na costeleta. Umas navalhadas tirando o grande volume de pelos da orelha e:

- Pronto! Perfeito!

Ele olha no espelho, levanta da cadeira, enfia a mão no bolso, tira uma nota de vinte, e diz:

- Fica com o troco, semana que vem a gente vê se tira um pouco do cabelo. Até
- Inté

Após a sua saída, o outro coça a cabeça, balança de um lado pra o outro e pensa em voz alta:

- Diacho este povo escritor. Semana passada estava aqui todo prosa. Cheio de assunto. Hoje, logo hoje, que é o dia em que abro a barbearia mais por causa dele, o cara não bate papo, não conta caso, nem fala da vida sexual dele. Povo esquisito. E eu que achava que este povo era sempre conversador. Vai entender... Bom, já que ele passou deixa fechar esta bodega e ir pra casa pra ver Maria.

Ele desce a porta de aço, passa a tranca, olha pro céu e novamente pensa em voz alta:

- Escritor! Povo doido de bater com pedra, Deus que me livre de virar uma raça dessas... 

sexta-feira, 20 de julho de 2012

na sala 212

- como vai?
- em busca.
risos
- de quê?
segundos de silêncio.
- ow! o Salvador Dali está torto.
- é. a minha secretária o derrubou. na queda, um dos suportes que dá sustentação a ele se quebrou, então...
- a religião dela não permite?
risos
- não sei. ela vive dizendo que quem pintou o quadro deve ser doente da cabeça. acho que ela está certa. risos.
- é! e ...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Dois lados da mesma noite

Marcos chegou em casa do trabalho e pegou o telefone. Estava ligando pra ela pela terceira vez só naquela sexta feira. Ela atendeu ao terceiro toque. Como já lhes era de costume, conversaram por quase uma hora e combinaram de se encontrar antes do turno dela na boate. Ele a levaria para jantar, depois fariam amor e ela iria trabalhar. Essa era a rotina durante a semana, a mesma rotina dos últimos meses.

Mas hoje seria diferente. Ele falara com o chefe dela e ela não iria trabalhar hoje. E o jantar seria mais do que especial. Hoje eles completavam três anos de namoro, um namoro estável e intenso. E ele preparara uma noite única. Marcos iria pedir Helena em casamento.

_____________________

Helena estava se arrumando para jantar com Marcos num restaurante chique da cidade. Ela separou uma roupa mais provocante para ir trabalhar depois, preocupada com o horário, pois o restaurante ficava muito longe da boate.

Ela ficou se perguntando o que Marcos estaria tramando, pois normalmente jantavam rapidamente numa lanchonete qualquer para depois transarem até a hora do turno dela começar. Mas hoje seria diferente. Três anos de namoro. Helena nunca passara tanto tempo com um cara só. E nunca gostara tanto de outra pessoa como gostava de Marcos.

domingo, 15 de julho de 2012

Priscila

- Como assim?

- Pois é, estou numa fria!
- Rapaz, eu quero até ver como você vai sair desta. Logo você! Conta como isto foi acontecer.

- Então, estava lá parado. Aquele showzinho na praça. Festinha de interior sabe como é, né? Aí a guria não parava de me olhar. E eu ficando sem jeito. Ela me comendo com os olhos, boca e nariz. E eu despistando. Olhava pra um lado, pro outro, dava uma volta, e na volta, ela estava lá de volta. Ódio!

- Não pode ser. Ela não sacou?

- Sacou nada. Eu tranqüilo, só apreciando a música, o clima bucólico de Mariana, não querendo nada com ninguém, nin-guém mesmo, e a moçinha faceira de olho em mim. A coisa foi ficando tão chata, mais tão chata, que decidi vir embora antes do fim do show. Coisa chata isto viu. Falta de desconfiômetro.

- Bem, até aí tudo bem. E como ela chegou até você? Corto mais ou já está no tamanho que você queria?

- Está ó-te-mo! Só você mesmo pra saber exatamente o que eu falo.

- Só nisso, né? (risos)

- Lógico que é só nisso (risos). Aí menino, estava lá em casa tranqüilo quando recebo um email de Márcio. Lembra dele? Aquele meu amigo de Mariana. O loiro de olhos azuis?

- Sim, o que veio com você aquele dia, né?

- Isto! Ele mesmo. E no email ele se desmanchando de gargalhadas e gracejos. Falando que a moça pediu meu telefone e ele deu! Rapaz que vontade de ir até lá e esganar aquela bicha! Deu meu telefone sem minha anuência. E o pior, dois dias depois a danada me liga querendo saber mais sobre mim.

- E aí? Muda de lado, por favor.

- Aí é que estamos conversando. Já tem dez dias. E ela não entendeu qual é a minha. Ódio! Este final de semana pego um ônibus e vou até Ouro Preto e acabo com esta palhaçada toda. Você acredita que a peste tem apenas dezessete anos? De-zes-se-te-a-nos!

- Meu Deus do céu! Isto da cadeia. Mas bem que queria estar no seu lugar...

- Pára! Comigo não vai dar problema. Vou lá e falo com ela, na cara dura: Olha minha filha, a fruta que você gosta, eu chupo, e como chupo, até o caroço! Oi, não entendeu? Linda, eu sou bicha! Bi-cho-na! Entendeu agora?

- E se ela não aceitar? Pronto, terminei.

Ele levanta da cadeira, enfia a mão no bolso, tira uma nota de vinte, entrega ao barbeiro e sai dizendo:

- Beijo o garçom e saio rindo! Semana que vem eu volto e te conto o resto do babado. Beijos

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Preciso de uma enceradeira

Estava tudo tranquilo, até que passou uma cera no piso.

Anteriormente, havia combinado com ela que faria a faxina, porque sábado iriam receber visitas. Lavou o banheiro, os dois, limpou a cozinha, o fogão, em cima da geladeira, limpou o restinho do iogurte que sempre derrama no vidro, passou produtos de limpeza específicos nas cerâmicas, colocou o lixo na lixeira, mas não sem antes dar uma boa olhada para ela e pensar: "na próxima vez, te lavo". Tudo tranquilo, já chegando o finalzinho da tarde, quando resolveu passar a maldita cera.

Besuntou o pano e espalhou a primeira remessa com o rodo. Olhou, tudo esbranquiçado, mas achou normal. Outro jato da cera líquida, outra passada de pano. E foi assim nos quartos, na antessala, na enorme sala e, por fim, acabou.

Acabou... mas onde o brilho ficou?

Olhava o piso de madeira, incrédulo, e depois leu o rótulo do produto. Para conseguir um bom resultado, use uma enceradeira.

Enceradeira. Brincava com enceradeira, lá na casa dos meus pais, quando infante, 6 anos, sete! Ou mais. Depois, inventaram novos tipos de cera que dispensavam o uso daquele eletrodoméstico, essencial nas casas de famílias ricas, classe média e até das pobres que tinham tábuas corridas ou tacos pela casa.

E eu, agora, precisava de uma enceradeira. Urgente, porque a esposa em pouco tempo chegaria. Ligou para um, outro, pediu para um amigo na internet, que morava próximo... ninguém mais usa enceradeira. Olhou no Mercado Livre: R$ 90,00... em Osasco, onde morreram 8 na madrugada do porco campeão. Não chegaria à tempo...

Usou os últimos 60 minutos da sua vida esfregando o chão com um pano seco e rezou aos céus que aquela merda ficasse boa, mas não antes de jogar a maldita cera na lixeira, aquela que irá lavar na próxima faxina... se tiver braços até lá!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O começo do fim


Helena estava num canto escuro, observando as pessoas que vieram de divertir neste sábado. Seu turno na boate já havia acabado, ainda não passava das duas da madrugada, mas as colegas que moravam com ela na república já haviam partido; elas tinham uma prova importante na manhã de domingo.
Apesar de estar cansada, ela ainda precisava encontrar a vítima da noite. Estava de olho num bonitinho que ficara pendurado no balcão durante todo o seu turno. Ele passara a maior parte do tempo descascando amendoins e pagando bebidas para jovens loiras oxigenadas, então ele provavelmente não estava bêbado, o que contava pontos para a inteligência de Helena.
O bonitinho voltara do banheiro direto para o balcão, mas a garota estonteante não estava mais lá. Pegou uma cerveja e foi procurá-la. Ela encontrou-o primeiro, abordou-o com um sorriso. Ele derreteu-se por ela. Conversaram por mais de uma hora. Ela vestia uma saia minúscula e um espartilho apertado e decotado, vestida para matar. Ele não desviava o olhar das coxas à mostra, não escondia seu desejo.
Terminaram a noite na cama dele. Antes passaram pelo banco traseiro do táxi, pelo elevador, pelo sofá da sala, pelo chão do corredor e pelo chuveiro. Quando finalmente deitaram na cama, já estavam exaustos, mas continuaram transando muito tempo depois do nascer do sol.
Assim que o rapaz dormiu, Helena levantou e procurou suas roupas espalhadas pelo apartamento. Ela sentou-se por um longo tempo na janela, admirando a manhã de domingo e o rapaz atencioso, inteligente e carinhoso que dormia tranquilamente.
Ao passar pela porta, uma lágrima solitária corria pelo rosto de Helena. Ela finalmente estava se arrependendo de tudo que vinha fazendo com os homens nos últimos anos. Deixara seu número verdadeiro no criado-mudo do rapaz e partira, esperando que em breve pudesse recuperar sua paz de espírito.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

A revolta dos Coveiros


Tudo começou no domingo, às 18h, quando ele recebeu a notícia que a sua sogra havia passado desta para melhor ou pior – vai saber?, A velha era o cão. Bom, os detalhes do velório; choramingo falsos, a cama bem arrumada da defunta crente, as piadas entre os dentes e as orações dos pastores juniores – sim. pq pastor júnior é assim. aproveita um velório, um enterro, para testar a sua pregação (de saco), para testar o efeito de sua oratória junto aos fiéis e às fiéias-noviças (principalmente), pois, estas, pululam nas igrejas evangélicas e são bonitas e pastor pode até ser de deus, mas não é otário! hohoho! mas esses, e mais outras mazelas que se deram em torno do féretro ficam para um bate-papo presencial – chic, no?. pulemos para o instante final da cerimônia do adeus.

estavam lá, no cemitério, plantando a deitada no jardim de Deus, repleto de outras plantinhas caducas ansiosas por saber mais da nova vizinha, quando nos finalmentes do troço – que já estava de bom grado, pela santa que foi a velha, que agüentou o genro mala e safado que vivia traindo a filha querida da morta (depois te conto das peripécias do danado também. vais gostar - quando a pior espécime dos pastores (O JÚNIOR, aquele, sô!? De quem eu falava ali em riba! volta lá.), resolveu que aquele seria o momento exato, era a chance derradeira para ele confirmar a sua vocação de servo do senhor e aparecido de marca maior com gravata de elástico no nó e terno de tergal azul, tem de ser azul para combinar com a bíblia de capa de couro com as letras douradas. e assim o escolhido o fez.

prostrou-se, como de sempre, ao lado do caixão da velha, e começou a pregação... mas num é que na segunda frase do aspirante a edir macedo, que dizia "senhor qq coisa veio buscá-la pra si", um coveiro – O COVEIRO CHEFE, vim perceber depois, tamanha a sua desenvoltura e andar firme e olhar decido (daqueles: tira o pé do meu café)- veio em direção ao féretro e disparou: VAI DEMORAR? – silêncio no jardim de deus. em resposta à indagação firme e em bom tom do coveiro chefe, o pastor engoliu seco e rebateu:

_ só uns cinco minutinhos.

_ cinco minutos para nós é muito tempo. nós vamos é fazer outro enterro ali. e saiu pisando duro e replicandando, o Coveiro Chefe.

silêncio. que só é quebrado pelos barulhos das correntes-de-descer-defunto do jardineiro do senhor - que batiam umas nas outras, enquanto o coveiro chefe saia gruindo:

_os "cara" tem a noite toda para conversar com o defunto e vem rezar aqui. olha só pro c vê?, é muita moral para uma sogra. Terminou de resmungar a frase e saiu com os seus comandados, sim. eram mais outros cincos jardineiros de deus.

foi aí, que o homem lá de cima deu o devido castigo ao orador juvenil, aspirante a pastora sônia hernandes, da igreja renascer em miami, de preferência. vc crê que o cara ficou uns 20 minutos pregando? não pq ele quisesse, foi falta de coveiro para descer o bichão mesmo! o JÚNIOR suava e falava e passava folhas da bíblia e perguntava: "Amém, irmãos?"(que respondiam automaticamente: Amém!) e olhava pro lado e nada de coveiro para descer a sogra querida. Até que não agüentou mais e terminou o discurso. foi aí que chegou a hora de terminar com a oratória e procurar o coveiro chefe e sua trupe - sim, pois o troço virou um circo - para destinar o féretro à sua morada final. Ufa!

foi assim, na glória do senhor: amém, irmãos? (a resposta é amém, ok?)

domingo, 8 de julho de 2012

Ana Elise

Como assim? Não acredita? Claro que é verdade. Porra meu amigo, estou falando que é verdade. Eu já menti alguma vez pra você? Pois é, estou falando. Eu estava lá, já deitado, querendo dormir e ela veio toda fogosa. Rapaz, aquilo tem um fogo! Tem hora que eu até acho que não dou conta. Sério. Que tomando remédio. Porra nenhuma. Só cerveja mesmo. Hahahaha, seu gracista. Claro que não. E você com seu Jack 3D? Rapaz aqui é só no feijão, melhor, na cerveja e na picanha. Que maconha o quê. Sou macho rapaz.  O senhor vai me deixar contar, ou vai ficar aí fazendo piadinha?  Raspa a cabeça dele só de um lado. Já que gosta de fazer gracinha. Claro! E depois pinta de amarelo a metade que ficar cabeluda.  Posso pegar um café ali? É de hoje né? Estou brincando, sei que aqui os senhores são exigentes.

Pois é, cara. Estava lá, já deitado, prestes a dormir e ela chega. Rebolando aquele bundão que você fica comendo com os olhos. Fica sim! Acha que sou bobo? Que não fico seguindo seu olhar quando ela chega? Claro cara, tem que olhar, mas se por a mão... Sei sei. Eu conto. Aí rapaz, ela vem e me propõe a conversar na minha quarta língua. Você sabe que sou poliglota né?  Falo português, normal, oral e anal! Aí ela vem propor fazer um analzinho básico. Tenho certeza que alguém, que eu estou olhando agora e não quero dizer o nome, comentou que adoro isto. Sei... não falou nada.  Você é um grande filho da puta. Isto sim. Fi-lho-da-pu-ta. Mas deixe-me continuar, sua mãe não tem nada com isto. Mas que você é, ah isto é. Fiz de jacu. Falei que não tinha coragem, que era coisa suja, que não topava. Bicho, ela foi ficando puta. Falando que não era possível, que tinha guardado aquilo para o cara da vida dela, que me escolheu, falou que eu era piegas. Sim! Pi-e-gas. Logo eu! Chegou a ameaçar ir embora. Puta de tudo. Ficou mesmo. Eu fiquei tentando desconversar pra ganhar mais tempo. Deixa pegar mais um café ali. A mocinha não vai fazer o pezinho não? Ah é? Fica com o pescocinho irritado? E uma bichona mesmo. Mete a navalha nele e corta fora.

Mas ela foi ficando puta, mais tão puta, que quando vi que a coisa ia ficar feia pro meu lado, falei que topava. Jorginho aqui já tinha descansado e já era o Jorge! Para de sacanagem, Jorgito um caralho. Aliás, ele nem tava no modo pinto. Já havia passado pro modo caralho. Cara, arranquei a calcinha dela, ela de quatro, começo a lamber o brioco, ela rebolando, dedinho inicial, ela rebolava mais, coloquei o bicho em posição de ataque e aí, meu amigo, você nem imagina, só alegria. Vai imaginar o cacete. Deixa de ser prego. E aí que a filha da puta gozou. Louca. Gritou. Fiquei com medo de ser expulso do prédio. Calma, vai errar a navalha aí e cortar o pescoço deste infeliz. Bem que ele merece, tens razão. Trem de doido. Pois é. Dormiu tranquilinha. O bichinho era rosadinho, você precisa ver. Porra nenhuma, vai ver nada. Vai ver é meu pau de óculos. Seu gracista. Paga aí e vamos lá pro Temático. Ela vai nos encontrar lá. Ai de você se comentar qualquer coisa. Juro que te mato...

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Pega, vai...

- Pega, vai...
- Não...
- Ah, só um pouquinho...
- Tô cansada...
- Mas eu também estou...
- Mas eu sou mulher, canso mais...
- Isso é injustiça! Eu que faço todo o esforço...
- Que esforço?
- Ora... sem mim, não teria sexo...
- Sem esta: sem você eu teria sexo a hora que eu quisesse...
- Tá me dizendo que me trai?
- Não, só estou dizendo que eu sou mulher, e mulher consegue sexo mais facilmente que homens...
- Mais um motivo para você me fazer um agrado... pega, vai?
- Já falei que não...
- Poxa...
- ...
- E uma massagem?
- Nas costas?
- Sim...
- Tá, uma massagem nas costas pode...
- Hum....
- Gostoso?
- Sim...
- Aí, sim... aí...
- Assim?
- É...
- Massagem embaixo do chuveiro é bom, né? A mão desliza...
- Por isso deixei as alianças do nosso noivado dentro do short...
- Que?

Adrien Brody recebeu uma apalpada da namorada (Foto: Reprodução)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Um novo cliente


Helena atendeu o telefone. Dani, seu chefe, pediu para ela vestir uma roupa nova hoje; cliente novo. Ela saiu para fazer compras. Quando o telefone tocou novamente era Marcos, o namorado. Ela não atendeu. Ele andava cobrando satisfações demais ultimamente, e ela não queria explicar onde estava e o que estava fazendo.
À noite, Helena foi sozinha para a boate, onde não passou muito tempo, pois o cliente já estava esperando para levá-la para jantar. Ao entrar no carro, ele passou a mão na coxa de Helena e sussurou “adoro mulheres safadas”, dando-lhe um sorriso maroto. No restaurante, ela tirou o sapato e passou seu pé lentamente pela perna dele.
Conversaram banalidades e enquanto esperavam a sobremesa, Helena derrubou um brinco embaixo da mesa. Ela ficou de joelhos, abriu a calça do cliente e começou a chupar seu pau. Sobre a mesa, o cliente tentava manter a compostura e não transparecer todo o tesão que estava sentindo. Dispensaram a sobremesa.
No caminho para o motel, Helena continuou chupando o cliente, fazendo-o gozar mais algumas vezes. Ao chegarem no quarto, ela arrancou as roupas dele e empurrou-o na cama, montou sobre ele e prendeu suas mãos com o cinto dele. Helena chupou-o mais uma vez e então sentou sobre ele, lentamente, sentindo aquele pau grosso penetrar sua buceta. Ela rebolou e cavalgou por um longo tempo, e quando se cansou, soltou-o e ficou de quatro. Ele meteu com força, e enquanto comia Helena, ele alternava suas mãos entre carícias nos seios e tapas na bunda dela.
Quando finalmente se cansaram, já passava das cinco da manhã. O cliente deixou Helena na casa dela e despediu-se com um longo beijo. Mas antes de sair do carro, Helena chupou-o novamente. Ela entrou em casa e ligou o celular; encontrou sete chamadas não atendidas, todas de Marcos. Helena ignorou-as, desligou o celular e foi dormir.

domingo, 1 de julho de 2012

Brinquedos e afins


Agora FODEU!  Não sei onde coloco a cara quando chegar em casa e encontrar a faxineira lá. Aquela bisbilhoteira. Sabia que qualquer dia, iria acontecer. FODA! FODAS. Não é possível, como aquelazinha foi mexer exatamente ali? Tava tudo guardadinho. Coloquei na caixa para que nada disso viesse ocorrer. E aquela fi-lha-da-pu-ta vai e mexe, e pra piorar, acha! Não sei o que fazer.
Fico aqui imaginando a cara dela na hora que me olhar. “Seu safadinho, gostas bem de uma sacanagem, né?”. Vou ter que mandá-la embora. Mas se fizer isto como vai ficar a arrumação? O mercado de diaristas não ta pra peixe. Ela mesma eu demorei bons três meses pra acertar.  Mas e agora? Será que vai começar a me comer com os olhos. Como deixei acontecer? Estava lá, fechadinho, embrulhadinho, todo todo discretinho, e chega a fulaninha e futuca minhas coisas. Ai meu Deus, o que vou fazer agora?
Será que ela está pensando que estou usando calcinha também? “Nossa imagina aquela bunda ENORME toda peluda com esta tanguinha. Ai meu Deus, que calor!”. Pu-ta-que-pa-ri-u, vai-to-mar-no-cu, estou ferrado! E se pensar que é a Ana? “Nossa, esta calcinha deve ficar o máximo naquela bundinha redondinha. É, seu safadinho, está comendo bem, imagina arredar esta rendinha e acertar a porta dos fundos? Calor!”. Cara, não vejo outra solução pra esta mer-da toda. Ou mando esta ordinária embora, ou me sujeito aos seus olhares e suas fantasias. Era o que me faltava, ter uma faxineira fantasiando minha vida sexual.
 Mas bem que seria muito engraçado se ela tiver passado o creminho na boca e ficar toda anestesiada (gargalhadas), seria a vingança contra a bisbilhoteira de uma figa. Imagina: “Meu Deus, o que é isto? Minha língua está adormecendo. Será que é veneno? Deixe-me ler o rótulo: Creme anestésico para sexo anal. Pu-ta-que-pa-ri-u, o que eu fui fazer”. Ia ser bem divertido. Chegar lá e ela com a língua de fora pedindo ajuda.
Bom, já que o estupro é inevitável, vou lá pra tentar contornar esta situação. Ai dela se me aparecer com aquele consolo na mão. Pego ele na hora e já sabe onde eu enfio, né?  Deixa esta barba pra outro dia. Tenho que salvar minha reputação de patrão sério. Abraços!

sexta-feira, 29 de junho de 2012

As focas da Discovery Channel do centro de Belo Horizonte

Quem nunca parou em frente à televisão num dia de semana, uma bacia de pipoca de micro-ondas de queijo, um copo de refrigerante, ligou no Discovery Channel e se deleitou com as imagens de focas lutando pela sobrevivência em plena Antártida? Já reparou os sons que elas fazem quando estão juntas? Agora volte para cá, mineirinho! Volte para a nossa Praça Sete, centro da cidade! Feche os olhos, ouça as focas chamando pelos seus! As focas da Carijós, as focas da Afonso Pena, as focas estão à procura de alguma coisa, uma lembrança sua que seja, um mimo, uma recordação de um momento mágico, seja ele para trabalho, seja ele para diversão!

Focas! Uma grita, outra reponde, todas em uníssono: "fooooto... foooooto... fooooto...". Eu desci do ônibus, longe, caminhei um bocado e me vi naquele mar de gelo, frio e muitas focas! As focas da Praça Sete, cada qual com suas tatuagens por terminar, suas roupas curtinhas e seus cabelos crespos coloridos de vermelho ou lilás! As focas da Praça Sete, com suas sandálias rasteirinhas surradas, com seus sutiãs vermelhos aparecendo nos ombros queimados de sol, com seus dentes com falhas e algumas poucas cáries! Algumas são bem mais avantajadas que as outras e, das poucas, podemos contar nos dedos aquelas que pesam menos de um saco de cimento numa balança de drogaria! As focas da Praça Sete, gritando, gritando, chamando pelos seus "foooooto!!" insistentes, ganham a vida deste jeito, em pleno centro de Belo Horizonte. Focas... e tem muita gente que encara o serviço numa boa!!

Eu sou orca, mas diante do menu, herbívoro!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dias assim... dias assado.

Foi uma manhã atípica. Acordou atrasado, tomou banho frio por conta de um chuveiro queimado, deixou o leite esparramar, perdeu o ônibus, foi chamado a atenção no trabalho, esqueceu de mandar 'aquele' e-mail para a diretoria. Na hora do almoço, o prato que pediu veio errado; comeu o que não queria. Mesmo assim, fez força e tentou não se estressar. Voltou do almoço acreditando que a 'nuvem negra' passara. Ledo engano. Até o computador conspirava contra. No meio daquela minuta, inesperadamente apagou-se. Foi a revolta da máquina contra o operador. Mas ele era persistente, (respirou fundo) foi ao banheiro refrescar a cuca. Viu no espelho o reflexo de um alguém que a muito não se lembrava. A barba por fazer, olheiras escândalosas, um cabelo desgrenhado. Um rosto amarelo. Pensamentos vão, pensamentos vêm e o medo de desfalecer veio a tona.

" - Será que minha hora esta chegando, e isso tudo é um sinal?"
" - Porquê eu?"
" - Porquê comigo?"

Ouviu o barulho da descarga no reservado ao lado, ao sair, o gordo careca do financeiro fitava-o com certa desconfiança. Devia estar pensando:

"- Que raios esse cara tá fazendo aqui??"

Pouco se importou com o careca, ele já não tinha mais importância. Pra ele, não passava de um fracassado. Trabalhava há mais de 5 anos na empresa, e nunca havia subido de cargo. Era um coitado...

Como a máquina havia se revoltado, foi trabalhar no arquivo. Papéis, traças, caixas, etiquetas. A sinusite apertou, uma dor insuportável na têmpora. Espirros, coriza.
Já não queria mais trabalhar naquele dia, fugiu.
Foi fazer algo inusitado. Imaginou que aquele era o último dia de seus míseros 35 anos. Foi ao parque, comprou algodão doce, maçã do amor, rolou na grama. Sentiu o corpo todo pinicando em virtude das gramíneas, as mesmas que deixavam-no irritado quando o pai jogava-o no chão e rolavam abraçado. Chorou. Bateu uma saudade enorme do pai, aquele que o ensinara preceitos básicos de moral, educação. Um mentor. Seu mentor. O pai morrera anos atrás, e ele nem ao menos chorara durante o enterro. Seus olhos secaram inusitadamente. Foi algo surreal. Queria chorar. Agora, coçando-se, chorava. Copiosamente.
Olhou para o relógio, e lembrou da namorada que devia estar preocupada em casa. Tinha o nobre hábito de ligar para ela, sempre que retornava do trabalho. Ficavam a falar amenidades, pequenos casos do dia a dia... Mas hoje, curiosamente, perdera a vontade de falar com ela. Queria rezar, afinal, imaginava que em poucas horas estivesse em contato com o'Barbudo'. Entrou na primeira capela que encontrou. Caiu de joelhos. Uma sensação indescritível. Pediu a remissão de todos seus pecados, rogou aos santos uma solução.
Talvez tenha pedido com tanto afinco que acolheram-no. Foi o último dia de trabalho, último dia no parque, último choro verdadeiro.
Primeiro dia do resto de sua vida.

Fique em paz...

segunda-feira, 25 de junho de 2012


Tinha resolvido seguir as estrelas. Há muito evitava desvios fortuitos para seguir

o seu norte. Rumo ao que ia?, não se sabia. O que importa é que, independente


dos dias, sua sombra sumia em direção aos pés da imensa montanha fria, de

verde intenso e mistérios noturnos.








Sua vida era andar pelo mundo. Por aqui... acolá. Trombando, empurrando pedras e flores, desgostos e amores. Era o seu modo de enfrentar dores. Parava aqui, tomava um. Logo ali, mais uma boca, mais um olhar. Era mais um corpo todo. E mais um pedaço-estilhaço que fica na calçada — mas era bem paga.


Em outros tempos, a voz de Holanda, ainda menina, fazia logo de manhãzinha ecoar pelo quarto um bom-dia. Cheiro de café e pães quentes, de um salto da cama já se ia para o banheiro, cuidar dos longos cabelos negros da noite e do rosto meigo repletos de lampejos. E assim as manhãs se abriam em sonhos despejados sobre as carteiras de madeira velhas da escolinha do lugarejo, a única. Aquilo era o mundo para aquele corpo petit, mais osso que carne, mais sonhos que pedra, um ser humano como outro qualquer.


Assim sempre foi. Irmã de José — filhos sabe-se lá de quem — o mais velho e responsável pelos afazeres domésticos e pelo sustento. Tinha o Zé como uma figura mítica que reunia no corpo de homem feito a atenção de uma mãe e o modo austero de um pai.



Era assim; chegava, beijava Holanda, pães no armário, cheiro da carne no fogo, o sorriso companheiro e a noite se abria em risos. 



Era madrugada, o frio cortava a pele, as horas adiantadas, e Holanda num sobressalto, pés no chão, passo apressado, um vulto pela janela, e a certeza tão indesejada das gentes. A morte. A manhã encerrou aquela noite com um sol desses de queimar a pele e arder os olhos.
Para Holanda, daquele dia, apenas o que era desatino e falta ficou.

Com os anos que aos poucos vinham, ela redescobriu coisas como um amanhecer de sol ameno, sem praia, com comidas simples, sem cheiros verdes, sem o Zé e com lembranças dos sonhos de sorrisos-brilhos como os dos tempos do orfanato.
Passou a achar bem sair nas noites e andar sem rumo. Era o desejo de debelar os dias que a levava perambular por vielas estreitas. Aos poucos, entregou-se às incertezas das esquinas. Era apenas uma forma de levar ou velar a vida. Com chicotadas domou os dias. Tudo se tornou tão normal. Viver era simples.

Naquela manhã, acordou, pegou o cigarro, colocou-o na boca, andou a passos lentos rumo à janela, olhou o céu tingido de azul — apesar de tudo — e tragou profundamente. Só então, percebeu que o fumo estava apagado, não tinha fogo, ainda não fumava. Num gesto sereno e largo, se encostou na cama e começou a ouvir músicas, sons, veredictos, ofensas, juras de amor, urros de prazer forçado, sorrisos, gargalhadas de escárnio e o som mudo da noite anterior. Os olhos choveram.
Naquele dia, Holanda, mais uma vez, não dormiu. E nem fez falta.



Restavam apenas carne e sonhos.

domingo, 24 de junho de 2012

Esperanza

E eu não queria nada. Nada mesmo. Só queria ficar ali,abraçadinho a ela. Ela me acariciando. Nem sexo precisava. Só o toque dela bastava.O cheiro dela basta. O sorriso dela basta. Não preciso de mais nada. Ela, ela, ela. Oi? Direito ou esquerdo? Assim está bom?
Mas você não tem noção de como a noite foi boa. Abraçadinho a ela. Num "Love" só. Ela ali, ao lado, jogada na cama, toda carentinha, esperando meus carinhos. E eu aproveitando cada centímetro de felicidade. Cara, eu não me continha de tanta felicidade. Ela toda, toda. Eu todo, bobo. Uma  coisa de louco. Acho que estou apaixonado. Onde eu a encontrei? Numa destas sortes que o mundo te presenteia. Coisa do acaso mesmo. Achei que seria só mais um casinho, destes de feriado, mas nada, o trem está pegando fogo. Estou com medo não. Vou pular mais ainda de cabeça. Sim, um dedo abaixo da orelha. Isto, aí está bom. Ótimo. Está ficando show. Homem tem que ter costeleta. Claro. Sempre!

Pois é, sempre é complicado. Este trem de relacionamento é uma confusão só. Se vale a pena? Claro que vale. Tudo vale. Com ela eu vou até a lua. Sem sacanagem, vou mesmo. Rapaz estou te falando, só de ficar abraçadinho eu ganho o dia. Coisa de neguinho apaixonado? Ah, você pode ter razão, mas o que posso fazer? Estou de quatro por ela. Deus sabe o que faz, não foi à-toa que a colocou na minha vida. E ela falando no meu ouvido: "Cariño mio”.  Não tem como não suspirar. Será? Não sei. Vou ficar de olho nisto. Mas está muito vermelho? Pode, passa a pedra aí e vamos ver se melhora. Creminho é pra veado.

Aumenta, aumenta aí. Este samba me faz lembrar ela. Olha a melodia. Sente o gingado. Olha esta poesia. Pu-ta-que-pa-riu. Como não ficar bobo com esta mulher? É cara, a vida está ficando boa. Mas é sério, nem precisava de sexo, só de ficar ali abraçado com ela me satisfazia. Cariño mio, Cariño mio, Cariño mio. É coisa de pele. Química. Sei não, viu... Com este Ronaldo no Galo, acho que vai danar tudo. É, tem que ter fé. Mas não estou ligando pro Galo não. Minha paixão tem outro nome. Acabou? Deixe-me ver o pezinho aí atrás. Uai, não é que ficou bom? Tem como passar o talco pra tirar os cabelos agarrados? Este talco é novo? O cheiro dele é diferente. Olha o samba... Cara que loucura, viu.

Qual é a minha dívida? Pode ficar com o troco. Semana que vem volto e fazemos esta barba. Branca demais, não é? Também lembro quando não havia nem um fio de cabelo branco, mas a idade chega pra todo mundo. É, tem razão, melhor chegar do que não vê-la chegar. O nome dela? Esperanza.  E não é que não está me dando esperança na vida? Vou nessa, abraço na família e fé no Galo.

Assim ele sai da barbearia, desarma o alarme, abre a porta, entra no carro, acende um cigarro, liga o aparelho de CD e começa a cantarolar um bolero.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Oportunidades

Nos sonhos, pelas frestas das portas
Andando pelas ruas, no ônibus
Oportunidades nunca faltaram
Mas e a vergonha? E o medo do não?


Sua namorada, futura, pensamentos de masturbação
Tudo indicava que nunca, mas tinha vontade
- ou não!
E sempre esbarrava na oportunidade
Nela ou na falta dela
E sempre se revolvia de vergonha, medo do não... ou não?


Certo dia, mudou-se!
Ela.
Para a Europa, Ásia, Miami, qualquer lugar deste mundo...
Oportunidades agora só pelo Facebook...


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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Supresa. Sua pressa.

Dia dos namorados passou, e eu casado, não comemoro mais há tempos! Porém, entretanto, contudo... noite passada, acordei com um tesão alucinante. Não deu outra. Ao final do expediente passei no sex-shop, comprei uns apetrechos, falei pra esposa que não se preocupasse em preparar o jantar. Eu faria algo bem light; afinal ja estava com segundas, terceiras, quartas... todas as intenções que voces podem imaginar.

Ela notou pelo meu tom de voz ao telefone, e logo ficou empolgada....

Eu tinha em mente realizar algumas fantasias que há muito tempo ja vislumbrávamos. Minha ideia era testar alguns cremes, géis, fitas e por ai vai.

Marta, minha esposa, sempre se mostrou timida, nunca comentava sobre suas vontades e vez em nunca variávamos do trivial.

Ja passavam-se mais de 10 anos de casório e eu, sempre fiel, estava querendo apimentar as coisas.

O que eu não esperava, meus amigos, é o que vou relatar daqui para frente....

Cheguei em casa, Marta ja estava no banho. Entrei rapidamente, dei oi, ela prontamente disse que ja estava saindo para que eu esperasse um pouco no quarto.

Joguei a sacola com os itens da noite em cima do criado-mudo e me estiquei na cama. Marta realmente não se demorou. Em menos de 5 minutos, ela veio enrolada na toalha, toda manhosa, toda se querendo.

Homem que sou, conheço logo a mulher que tenho.

- Que foi meu amor? Algo me diz que voce esta querendo me falar alguma coisa.... Estou errado?

- Ah... não... Mas, assim.... Ja estamos juntos tem quanto tempo? 10 anos de casados.. mais 2 de namoro... Né?

- Uhum... isso. E?

- E hoje eu acho que é um dia especial, porque quando me ligou eu ja estava preparando uma supresa pra voce.....

- Interessante.... me fale um pouco mais...

- Então amor, não sei como falar de outra maneira sem ser direta....

- Então fale... to ficando angustiado!!!

- Quero um Menage.

(meu pau endureceu, meus olhos esbugalharam, minha mente recriou todos os pornos que eu via desde os meus 12 anos, minha garganta secou)

Não sei descrever minha feição. Mas Marta imediatamente se desculpou....

Eu repliquei.

- Ok. Aceito.

Ela então virou pra mim e disse:

- Corre pro banho então meu amor, que as 22h00 o Luiz chega






segunda-feira, 18 de junho de 2012

-O caos é a forma mais sublime e sofisticada de organização. As nossas capacidades de inteligir é que não chegam para apreender a relação entre os elementos dos conjuntos que o compõem. Lamentemos, apenas, os nossos limites.
-O caos. Isso, o caos!!!

-Minha cabeça dói. antes era o mundo que doia. É um progresso?

domingo, 17 de junho de 2012

Ester


Mas foi me dando um desespero, que você não faz idéia – Caminhou até a janela, destrancou a tranca, abriu uma banda, depois a outra. A brisa acarinhou a face, a barba ruiva esbranquiçada mexeu-se. Levantou as mãos e esfregou as duas contra o rosto castigado pelo tempo.
Eu estava ali, paradinho naquele cruzamento da São Paulo com Caetés, sabe onde é?  - Questionou ao amigo que naquele momento estava limpando a navalha. Este apenas mexeu a cabeça em sinal de afirmativo. 

A vida já não está fácil, meu amigo. E para complicar mais, ela me vê ali. Por pouco não me pega de calças arreadas. Já imaginou se ela me visse descendo o escadão? Aí a vaca ia pro brejo – Olhou no espelho e notou que o ruivo dava lugar para o branco. Já completava qua-ren-ta-e-cin-co primaveras, apesar de ter nascido no inverno, e a juventude não o habitava como antes. O sexo era pouco, tanto em casa quanto no baixo meretriz, e a potência do falo não chegava aos se-ten-ta-por-cen-to do que era antes. Tempos de juventude, mulheres e mulheres desfilaram em sua cama. E agora, com a idade chegando, lhe restava o desprazer de subir aos puteiros da São Paulo e pagar pelos pouco que ainda lhe restara.

O outro, limpa a cadeira com a toalha branca, murmura alguma coisa que dá a entender que estava liberado o assento. Este caminha até a cadeira, coloca o celular e a carteira sob o balcão e assenta. O encosto é reclinado, a face ganha de presente à toalha quente e úmida. Logo depois a espuma do Bozzano Mental é passada sob o tapete ruivo espalhado em sua face. Ele se ajeita novamente na cadeira, dá um sorriso para o outro, que mesmo neste momento tão intimo não entende nada.  Suspira novamente, relembra à tarde de quinta-feira passada as qua-tor-ze-ho-ras-e-quin-ze-mi-nu-tos. O pene mexe dentro da cueca branca. Ele suspira e diz em voz alta: Ester, como você trepa bem!

A lâmina desce rente ao pescoço, deixando a pele branca à mostra.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ensaio sobre o Flamengo, a CPI do Cachoeira, a crise econômica na Europa e o vestidinho da Aryane Steinkopf em Curitiba.

Problemas, problemas e mais problemas. Você abre o jornalzinho e só lê problemas! Você liga a televisão, só vê problemas! Vai conversar com alguém no metrô, só escuta problemas! Problemas!

Eu não aguento mais problemas! 

Olha o caso do Flamengo: fez nada este ano! Nem Libertadores, nem Taça Rio, Taça Guanabara, nem Copa do Brasil, nem nada! E ainda por cima, este problema (de novo) com o Ronaldinho Gaúcho! O que que a Patrícia fez, minha gente? O que o jurídico e o pessoal do marketing do Flamengo fez, minha gente? O que que tá acontecendo com o meu Flamengo, Zinho? Que problema é este, que o maior time do Brasil, não tem dinheiro? Como é que não pagaram o salário do Ronaldinho? E outra coisa, porque ficaram passando a mão na cabeça do jogador, mesmo quando o Luxemburgo quis mandá-lo embora, e agora ficam falando que ele é malandro, descompromissado e baladeiro? E o esquema do Imperador? Ele que vai ficar no lugar do Ronaldinho? Ele e o Vagner Love, o 'império do amor' de novo? Ah, e aquele lance do resultado de exame de sangue do R10? Afinal, existia ou não tal exame? E se existe, é prova contra o Ronaldinho? Gente, problemas demais com meu time, minha gente! Agora, do jeito que a carruagem tá indo, é perigoso a gente brigar para não cair! Já imaginou, o meu Flamengo na Série B? Isso pra não falar no caso do goleiro Bruno... que problemão aquele lance da demissão, hein?

Ah não, não aguento mais problemas, vai me dando até cólera! Quando eu abro o jornal, ou ligo a televisão ou vou conversar com alguém, basta só os problemas com o Flamengo! O resto pra mim não interessa...

E você viu a calcinha da Aryane? Branquinha...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Era uma vez, o Eusébio...

Eusébio era o típico nerd. Trabalhava com informática, relacionava-se apenas naquele circulo limitado de internet/trabalho. Poucas eram as mulheres que o cercavam.
Talvez duas ou três amigas que ja eram praticamente irmãs e a mãe.
Eusébio adorava uma pornografia. Escondido, claro! Era daqueles que ficava os finais de semana em casa, rodando os canais na madrugada, caçando aqueles filmes estimulantes.
Ele era 'old-school'; não se interessava muito pela sacanagem escancarada dos sites de putaria.
Curtia mesmo era toda aquela fantasia, aquelas encenações....

Eusébio tinha pouco mais de 20 anos. Pouco menos de duas namoradas. Poucas horas de cama.

Numa dessas noites virtuais, Eusébio foi surpreendido....

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Como me gostaria um inimigo

Um bom, capaz de ser alvo o bastante. Assim, o condenaria a me ser na vida. Preso em tudo que sou, estaria ele condenado a despertares dolorosos, tardes nebulosas e noites repletas de estrelas estáticas, sem brilho.

hoje acordei meio aflito... deve ser a "tesoura do desejo",

mas o ar ainda está denso, as luzes opacas e o dia? parece-me que vai se desfazer em água...

acho que o sentimento do mundo é pouco para o que trago...

acho que vou precisar de mais um mundo.