domingo, 15 de julho de 2012

Priscila

- Como assim?

- Pois é, estou numa fria!
- Rapaz, eu quero até ver como você vai sair desta. Logo você! Conta como isto foi acontecer.

- Então, estava lá parado. Aquele showzinho na praça. Festinha de interior sabe como é, né? Aí a guria não parava de me olhar. E eu ficando sem jeito. Ela me comendo com os olhos, boca e nariz. E eu despistando. Olhava pra um lado, pro outro, dava uma volta, e na volta, ela estava lá de volta. Ódio!

- Não pode ser. Ela não sacou?

- Sacou nada. Eu tranqüilo, só apreciando a música, o clima bucólico de Mariana, não querendo nada com ninguém, nin-guém mesmo, e a moçinha faceira de olho em mim. A coisa foi ficando tão chata, mais tão chata, que decidi vir embora antes do fim do show. Coisa chata isto viu. Falta de desconfiômetro.

- Bem, até aí tudo bem. E como ela chegou até você? Corto mais ou já está no tamanho que você queria?

- Está ó-te-mo! Só você mesmo pra saber exatamente o que eu falo.

- Só nisso, né? (risos)

- Lógico que é só nisso (risos). Aí menino, estava lá em casa tranqüilo quando recebo um email de Márcio. Lembra dele? Aquele meu amigo de Mariana. O loiro de olhos azuis?

- Sim, o que veio com você aquele dia, né?

- Isto! Ele mesmo. E no email ele se desmanchando de gargalhadas e gracejos. Falando que a moça pediu meu telefone e ele deu! Rapaz que vontade de ir até lá e esganar aquela bicha! Deu meu telefone sem minha anuência. E o pior, dois dias depois a danada me liga querendo saber mais sobre mim.

- E aí? Muda de lado, por favor.

- Aí é que estamos conversando. Já tem dez dias. E ela não entendeu qual é a minha. Ódio! Este final de semana pego um ônibus e vou até Ouro Preto e acabo com esta palhaçada toda. Você acredita que a peste tem apenas dezessete anos? De-zes-se-te-a-nos!

- Meu Deus do céu! Isto da cadeia. Mas bem que queria estar no seu lugar...

- Pára! Comigo não vai dar problema. Vou lá e falo com ela, na cara dura: Olha minha filha, a fruta que você gosta, eu chupo, e como chupo, até o caroço! Oi, não entendeu? Linda, eu sou bicha! Bi-cho-na! Entendeu agora?

- E se ela não aceitar? Pronto, terminei.

Ele levanta da cadeira, enfia a mão no bolso, tira uma nota de vinte, entrega ao barbeiro e sai dizendo:

- Beijo o garçom e saio rindo! Semana que vem eu volto e te conto o resto do babado. Beijos

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