Anteriormente, havia combinado com ela que faria a faxina, porque sábado iriam receber visitas. Lavou o banheiro, os dois, limpou a cozinha, o fogão, em cima da geladeira, limpou o restinho do iogurte que sempre derrama no vidro, passou produtos de limpeza específicos nas cerâmicas, colocou o lixo na lixeira, mas não sem antes dar uma boa olhada para ela e pensar: "na próxima vez, te lavo". Tudo tranquilo, já chegando o finalzinho da tarde, quando resolveu passar a maldita cera.
Besuntou o pano e espalhou a primeira remessa com o rodo. Olhou, tudo esbranquiçado, mas achou normal. Outro jato da cera líquida, outra passada de pano. E foi assim nos quartos, na antessala, na enorme sala e, por fim, acabou.
Acabou... mas onde o brilho ficou?
Olhava o piso de madeira, incrédulo, e depois leu o rótulo do produto. Para conseguir um bom resultado, use uma enceradeira.
Enceradeira. Brincava com enceradeira, lá na casa dos meus pais, quando infante, 6 anos, sete! Ou mais. Depois, inventaram novos tipos de cera que dispensavam o uso daquele eletrodoméstico, essencial nas casas de famílias ricas, classe média e até das pobres que tinham tábuas corridas ou tacos pela casa.
E eu, agora, precisava de uma enceradeira. Urgente, porque a esposa em pouco tempo chegaria. Ligou para um, outro, pediu para um amigo na internet, que morava próximo... ninguém mais usa enceradeira. Olhou no Mercado Livre: R$ 90,00... em Osasco, onde morreram 8 na madrugada do porco campeão. Não chegaria à tempo...
Usou os últimos 60 minutos da sua vida esfregando o chão com um pano seco e rezou aos céus que aquela merda ficasse boa, mas não antes de jogar a maldita cera na lixeira, aquela que irá lavar na próxima faxina... se tiver braços até lá!
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