sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A sistemática das coisas imperfeitas

- Isso acontece...
- Eu sei...

Acendeu o cigarro, mesmo jurando, há mais de dez anos atrás, nunca mais voltar ao vício. Do lado, a mulher mais bela de toda a cidade, nua, cabelos soltos permeando o ambiente com seu perfume inconfundível.

- Vamos de novo?
- Espera só um pouco, tá?

Levantou, andou de pés descalços no frio piso da pousada, dirigiu-se ao banheiro. Deixou o Malboro queimar em cima da pia e se olhou no espelho, relembrando suas últimas horas: a chegada, a pergunta sobre onde iria se hospedar, o banho, a roupa para aguentar o frio, o bar onde se sentou, os olhares que trocaram, o beijo e o convite para o sexo. Jogou água no rosto, olhou novamente sua imagem no espelho, vislumbrou uma parte do seu corpo nu.

- Tá aí?
- Sim...
- Vem, tá frio aí...

Chegou rente à cama, apreciou novamente o corpo dela e delicadamente acariciou seus pés, pernas e conseguiu um suspiro. Com outra mão, acariciou os seios, o pescoço e arrancou, desta vez, uma súplica... 

- Vem, vem, vamos tentar de novo...
- Acho que não consigo...
- Quer que eu chupe?

Ah, a famigerada impotência sexual...

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