sexta-feira, 29 de junho de 2012

As focas da Discovery Channel do centro de Belo Horizonte

Quem nunca parou em frente à televisão num dia de semana, uma bacia de pipoca de micro-ondas de queijo, um copo de refrigerante, ligou no Discovery Channel e se deleitou com as imagens de focas lutando pela sobrevivência em plena Antártida? Já reparou os sons que elas fazem quando estão juntas? Agora volte para cá, mineirinho! Volte para a nossa Praça Sete, centro da cidade! Feche os olhos, ouça as focas chamando pelos seus! As focas da Carijós, as focas da Afonso Pena, as focas estão à procura de alguma coisa, uma lembrança sua que seja, um mimo, uma recordação de um momento mágico, seja ele para trabalho, seja ele para diversão!

Focas! Uma grita, outra reponde, todas em uníssono: "fooooto... foooooto... fooooto...". Eu desci do ônibus, longe, caminhei um bocado e me vi naquele mar de gelo, frio e muitas focas! As focas da Praça Sete, cada qual com suas tatuagens por terminar, suas roupas curtinhas e seus cabelos crespos coloridos de vermelho ou lilás! As focas da Praça Sete, com suas sandálias rasteirinhas surradas, com seus sutiãs vermelhos aparecendo nos ombros queimados de sol, com seus dentes com falhas e algumas poucas cáries! Algumas são bem mais avantajadas que as outras e, das poucas, podemos contar nos dedos aquelas que pesam menos de um saco de cimento numa balança de drogaria! As focas da Praça Sete, gritando, gritando, chamando pelos seus "foooooto!!" insistentes, ganham a vida deste jeito, em pleno centro de Belo Horizonte. Focas... e tem muita gente que encara o serviço numa boa!!

Eu sou orca, mas diante do menu, herbívoro!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dias assim... dias assado.

Foi uma manhã atípica. Acordou atrasado, tomou banho frio por conta de um chuveiro queimado, deixou o leite esparramar, perdeu o ônibus, foi chamado a atenção no trabalho, esqueceu de mandar 'aquele' e-mail para a diretoria. Na hora do almoço, o prato que pediu veio errado; comeu o que não queria. Mesmo assim, fez força e tentou não se estressar. Voltou do almoço acreditando que a 'nuvem negra' passara. Ledo engano. Até o computador conspirava contra. No meio daquela minuta, inesperadamente apagou-se. Foi a revolta da máquina contra o operador. Mas ele era persistente, (respirou fundo) foi ao banheiro refrescar a cuca. Viu no espelho o reflexo de um alguém que a muito não se lembrava. A barba por fazer, olheiras escândalosas, um cabelo desgrenhado. Um rosto amarelo. Pensamentos vão, pensamentos vêm e o medo de desfalecer veio a tona.

" - Será que minha hora esta chegando, e isso tudo é um sinal?"
" - Porquê eu?"
" - Porquê comigo?"

Ouviu o barulho da descarga no reservado ao lado, ao sair, o gordo careca do financeiro fitava-o com certa desconfiança. Devia estar pensando:

"- Que raios esse cara tá fazendo aqui??"

Pouco se importou com o careca, ele já não tinha mais importância. Pra ele, não passava de um fracassado. Trabalhava há mais de 5 anos na empresa, e nunca havia subido de cargo. Era um coitado...

Como a máquina havia se revoltado, foi trabalhar no arquivo. Papéis, traças, caixas, etiquetas. A sinusite apertou, uma dor insuportável na têmpora. Espirros, coriza.
Já não queria mais trabalhar naquele dia, fugiu.
Foi fazer algo inusitado. Imaginou que aquele era o último dia de seus míseros 35 anos. Foi ao parque, comprou algodão doce, maçã do amor, rolou na grama. Sentiu o corpo todo pinicando em virtude das gramíneas, as mesmas que deixavam-no irritado quando o pai jogava-o no chão e rolavam abraçado. Chorou. Bateu uma saudade enorme do pai, aquele que o ensinara preceitos básicos de moral, educação. Um mentor. Seu mentor. O pai morrera anos atrás, e ele nem ao menos chorara durante o enterro. Seus olhos secaram inusitadamente. Foi algo surreal. Queria chorar. Agora, coçando-se, chorava. Copiosamente.
Olhou para o relógio, e lembrou da namorada que devia estar preocupada em casa. Tinha o nobre hábito de ligar para ela, sempre que retornava do trabalho. Ficavam a falar amenidades, pequenos casos do dia a dia... Mas hoje, curiosamente, perdera a vontade de falar com ela. Queria rezar, afinal, imaginava que em poucas horas estivesse em contato com o'Barbudo'. Entrou na primeira capela que encontrou. Caiu de joelhos. Uma sensação indescritível. Pediu a remissão de todos seus pecados, rogou aos santos uma solução.
Talvez tenha pedido com tanto afinco que acolheram-no. Foi o último dia de trabalho, último dia no parque, último choro verdadeiro.
Primeiro dia do resto de sua vida.

Fique em paz...

segunda-feira, 25 de junho de 2012


Tinha resolvido seguir as estrelas. Há muito evitava desvios fortuitos para seguir

o seu norte. Rumo ao que ia?, não se sabia. O que importa é que, independente


dos dias, sua sombra sumia em direção aos pés da imensa montanha fria, de

verde intenso e mistérios noturnos.








Sua vida era andar pelo mundo. Por aqui... acolá. Trombando, empurrando pedras e flores, desgostos e amores. Era o seu modo de enfrentar dores. Parava aqui, tomava um. Logo ali, mais uma boca, mais um olhar. Era mais um corpo todo. E mais um pedaço-estilhaço que fica na calçada — mas era bem paga.


Em outros tempos, a voz de Holanda, ainda menina, fazia logo de manhãzinha ecoar pelo quarto um bom-dia. Cheiro de café e pães quentes, de um salto da cama já se ia para o banheiro, cuidar dos longos cabelos negros da noite e do rosto meigo repletos de lampejos. E assim as manhãs se abriam em sonhos despejados sobre as carteiras de madeira velhas da escolinha do lugarejo, a única. Aquilo era o mundo para aquele corpo petit, mais osso que carne, mais sonhos que pedra, um ser humano como outro qualquer.


Assim sempre foi. Irmã de José — filhos sabe-se lá de quem — o mais velho e responsável pelos afazeres domésticos e pelo sustento. Tinha o Zé como uma figura mítica que reunia no corpo de homem feito a atenção de uma mãe e o modo austero de um pai.



Era assim; chegava, beijava Holanda, pães no armário, cheiro da carne no fogo, o sorriso companheiro e a noite se abria em risos. 



Era madrugada, o frio cortava a pele, as horas adiantadas, e Holanda num sobressalto, pés no chão, passo apressado, um vulto pela janela, e a certeza tão indesejada das gentes. A morte. A manhã encerrou aquela noite com um sol desses de queimar a pele e arder os olhos.
Para Holanda, daquele dia, apenas o que era desatino e falta ficou.

Com os anos que aos poucos vinham, ela redescobriu coisas como um amanhecer de sol ameno, sem praia, com comidas simples, sem cheiros verdes, sem o Zé e com lembranças dos sonhos de sorrisos-brilhos como os dos tempos do orfanato.
Passou a achar bem sair nas noites e andar sem rumo. Era o desejo de debelar os dias que a levava perambular por vielas estreitas. Aos poucos, entregou-se às incertezas das esquinas. Era apenas uma forma de levar ou velar a vida. Com chicotadas domou os dias. Tudo se tornou tão normal. Viver era simples.

Naquela manhã, acordou, pegou o cigarro, colocou-o na boca, andou a passos lentos rumo à janela, olhou o céu tingido de azul — apesar de tudo — e tragou profundamente. Só então, percebeu que o fumo estava apagado, não tinha fogo, ainda não fumava. Num gesto sereno e largo, se encostou na cama e começou a ouvir músicas, sons, veredictos, ofensas, juras de amor, urros de prazer forçado, sorrisos, gargalhadas de escárnio e o som mudo da noite anterior. Os olhos choveram.
Naquele dia, Holanda, mais uma vez, não dormiu. E nem fez falta.



Restavam apenas carne e sonhos.

domingo, 24 de junho de 2012

Esperanza

E eu não queria nada. Nada mesmo. Só queria ficar ali,abraçadinho a ela. Ela me acariciando. Nem sexo precisava. Só o toque dela bastava.O cheiro dela basta. O sorriso dela basta. Não preciso de mais nada. Ela, ela, ela. Oi? Direito ou esquerdo? Assim está bom?
Mas você não tem noção de como a noite foi boa. Abraçadinho a ela. Num "Love" só. Ela ali, ao lado, jogada na cama, toda carentinha, esperando meus carinhos. E eu aproveitando cada centímetro de felicidade. Cara, eu não me continha de tanta felicidade. Ela toda, toda. Eu todo, bobo. Uma  coisa de louco. Acho que estou apaixonado. Onde eu a encontrei? Numa destas sortes que o mundo te presenteia. Coisa do acaso mesmo. Achei que seria só mais um casinho, destes de feriado, mas nada, o trem está pegando fogo. Estou com medo não. Vou pular mais ainda de cabeça. Sim, um dedo abaixo da orelha. Isto, aí está bom. Ótimo. Está ficando show. Homem tem que ter costeleta. Claro. Sempre!

Pois é, sempre é complicado. Este trem de relacionamento é uma confusão só. Se vale a pena? Claro que vale. Tudo vale. Com ela eu vou até a lua. Sem sacanagem, vou mesmo. Rapaz estou te falando, só de ficar abraçadinho eu ganho o dia. Coisa de neguinho apaixonado? Ah, você pode ter razão, mas o que posso fazer? Estou de quatro por ela. Deus sabe o que faz, não foi à-toa que a colocou na minha vida. E ela falando no meu ouvido: "Cariño mio”.  Não tem como não suspirar. Será? Não sei. Vou ficar de olho nisto. Mas está muito vermelho? Pode, passa a pedra aí e vamos ver se melhora. Creminho é pra veado.

Aumenta, aumenta aí. Este samba me faz lembrar ela. Olha a melodia. Sente o gingado. Olha esta poesia. Pu-ta-que-pa-riu. Como não ficar bobo com esta mulher? É cara, a vida está ficando boa. Mas é sério, nem precisava de sexo, só de ficar ali abraçado com ela me satisfazia. Cariño mio, Cariño mio, Cariño mio. É coisa de pele. Química. Sei não, viu... Com este Ronaldo no Galo, acho que vai danar tudo. É, tem que ter fé. Mas não estou ligando pro Galo não. Minha paixão tem outro nome. Acabou? Deixe-me ver o pezinho aí atrás. Uai, não é que ficou bom? Tem como passar o talco pra tirar os cabelos agarrados? Este talco é novo? O cheiro dele é diferente. Olha o samba... Cara que loucura, viu.

Qual é a minha dívida? Pode ficar com o troco. Semana que vem volto e fazemos esta barba. Branca demais, não é? Também lembro quando não havia nem um fio de cabelo branco, mas a idade chega pra todo mundo. É, tem razão, melhor chegar do que não vê-la chegar. O nome dela? Esperanza.  E não é que não está me dando esperança na vida? Vou nessa, abraço na família e fé no Galo.

Assim ele sai da barbearia, desarma o alarme, abre a porta, entra no carro, acende um cigarro, liga o aparelho de CD e começa a cantarolar um bolero.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Oportunidades

Nos sonhos, pelas frestas das portas
Andando pelas ruas, no ônibus
Oportunidades nunca faltaram
Mas e a vergonha? E o medo do não?


Sua namorada, futura, pensamentos de masturbação
Tudo indicava que nunca, mas tinha vontade
- ou não!
E sempre esbarrava na oportunidade
Nela ou na falta dela
E sempre se revolvia de vergonha, medo do não... ou não?


Certo dia, mudou-se!
Ela.
Para a Europa, Ásia, Miami, qualquer lugar deste mundo...
Oportunidades agora só pelo Facebook...


Curtiu?

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Supresa. Sua pressa.

Dia dos namorados passou, e eu casado, não comemoro mais há tempos! Porém, entretanto, contudo... noite passada, acordei com um tesão alucinante. Não deu outra. Ao final do expediente passei no sex-shop, comprei uns apetrechos, falei pra esposa que não se preocupasse em preparar o jantar. Eu faria algo bem light; afinal ja estava com segundas, terceiras, quartas... todas as intenções que voces podem imaginar.

Ela notou pelo meu tom de voz ao telefone, e logo ficou empolgada....

Eu tinha em mente realizar algumas fantasias que há muito tempo ja vislumbrávamos. Minha ideia era testar alguns cremes, géis, fitas e por ai vai.

Marta, minha esposa, sempre se mostrou timida, nunca comentava sobre suas vontades e vez em nunca variávamos do trivial.

Ja passavam-se mais de 10 anos de casório e eu, sempre fiel, estava querendo apimentar as coisas.

O que eu não esperava, meus amigos, é o que vou relatar daqui para frente....

Cheguei em casa, Marta ja estava no banho. Entrei rapidamente, dei oi, ela prontamente disse que ja estava saindo para que eu esperasse um pouco no quarto.

Joguei a sacola com os itens da noite em cima do criado-mudo e me estiquei na cama. Marta realmente não se demorou. Em menos de 5 minutos, ela veio enrolada na toalha, toda manhosa, toda se querendo.

Homem que sou, conheço logo a mulher que tenho.

- Que foi meu amor? Algo me diz que voce esta querendo me falar alguma coisa.... Estou errado?

- Ah... não... Mas, assim.... Ja estamos juntos tem quanto tempo? 10 anos de casados.. mais 2 de namoro... Né?

- Uhum... isso. E?

- E hoje eu acho que é um dia especial, porque quando me ligou eu ja estava preparando uma supresa pra voce.....

- Interessante.... me fale um pouco mais...

- Então amor, não sei como falar de outra maneira sem ser direta....

- Então fale... to ficando angustiado!!!

- Quero um Menage.

(meu pau endureceu, meus olhos esbugalharam, minha mente recriou todos os pornos que eu via desde os meus 12 anos, minha garganta secou)

Não sei descrever minha feição. Mas Marta imediatamente se desculpou....

Eu repliquei.

- Ok. Aceito.

Ela então virou pra mim e disse:

- Corre pro banho então meu amor, que as 22h00 o Luiz chega






segunda-feira, 18 de junho de 2012

-O caos é a forma mais sublime e sofisticada de organização. As nossas capacidades de inteligir é que não chegam para apreender a relação entre os elementos dos conjuntos que o compõem. Lamentemos, apenas, os nossos limites.
-O caos. Isso, o caos!!!

-Minha cabeça dói. antes era o mundo que doia. É um progresso?

domingo, 17 de junho de 2012

Ester


Mas foi me dando um desespero, que você não faz idéia – Caminhou até a janela, destrancou a tranca, abriu uma banda, depois a outra. A brisa acarinhou a face, a barba ruiva esbranquiçada mexeu-se. Levantou as mãos e esfregou as duas contra o rosto castigado pelo tempo.
Eu estava ali, paradinho naquele cruzamento da São Paulo com Caetés, sabe onde é?  - Questionou ao amigo que naquele momento estava limpando a navalha. Este apenas mexeu a cabeça em sinal de afirmativo. 

A vida já não está fácil, meu amigo. E para complicar mais, ela me vê ali. Por pouco não me pega de calças arreadas. Já imaginou se ela me visse descendo o escadão? Aí a vaca ia pro brejo – Olhou no espelho e notou que o ruivo dava lugar para o branco. Já completava qua-ren-ta-e-cin-co primaveras, apesar de ter nascido no inverno, e a juventude não o habitava como antes. O sexo era pouco, tanto em casa quanto no baixo meretriz, e a potência do falo não chegava aos se-ten-ta-por-cen-to do que era antes. Tempos de juventude, mulheres e mulheres desfilaram em sua cama. E agora, com a idade chegando, lhe restava o desprazer de subir aos puteiros da São Paulo e pagar pelos pouco que ainda lhe restara.

O outro, limpa a cadeira com a toalha branca, murmura alguma coisa que dá a entender que estava liberado o assento. Este caminha até a cadeira, coloca o celular e a carteira sob o balcão e assenta. O encosto é reclinado, a face ganha de presente à toalha quente e úmida. Logo depois a espuma do Bozzano Mental é passada sob o tapete ruivo espalhado em sua face. Ele se ajeita novamente na cadeira, dá um sorriso para o outro, que mesmo neste momento tão intimo não entende nada.  Suspira novamente, relembra à tarde de quinta-feira passada as qua-tor-ze-ho-ras-e-quin-ze-mi-nu-tos. O pene mexe dentro da cueca branca. Ele suspira e diz em voz alta: Ester, como você trepa bem!

A lâmina desce rente ao pescoço, deixando a pele branca à mostra.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ensaio sobre o Flamengo, a CPI do Cachoeira, a crise econômica na Europa e o vestidinho da Aryane Steinkopf em Curitiba.

Problemas, problemas e mais problemas. Você abre o jornalzinho e só lê problemas! Você liga a televisão, só vê problemas! Vai conversar com alguém no metrô, só escuta problemas! Problemas!

Eu não aguento mais problemas! 

Olha o caso do Flamengo: fez nada este ano! Nem Libertadores, nem Taça Rio, Taça Guanabara, nem Copa do Brasil, nem nada! E ainda por cima, este problema (de novo) com o Ronaldinho Gaúcho! O que que a Patrícia fez, minha gente? O que o jurídico e o pessoal do marketing do Flamengo fez, minha gente? O que que tá acontecendo com o meu Flamengo, Zinho? Que problema é este, que o maior time do Brasil, não tem dinheiro? Como é que não pagaram o salário do Ronaldinho? E outra coisa, porque ficaram passando a mão na cabeça do jogador, mesmo quando o Luxemburgo quis mandá-lo embora, e agora ficam falando que ele é malandro, descompromissado e baladeiro? E o esquema do Imperador? Ele que vai ficar no lugar do Ronaldinho? Ele e o Vagner Love, o 'império do amor' de novo? Ah, e aquele lance do resultado de exame de sangue do R10? Afinal, existia ou não tal exame? E se existe, é prova contra o Ronaldinho? Gente, problemas demais com meu time, minha gente! Agora, do jeito que a carruagem tá indo, é perigoso a gente brigar para não cair! Já imaginou, o meu Flamengo na Série B? Isso pra não falar no caso do goleiro Bruno... que problemão aquele lance da demissão, hein?

Ah não, não aguento mais problemas, vai me dando até cólera! Quando eu abro o jornal, ou ligo a televisão ou vou conversar com alguém, basta só os problemas com o Flamengo! O resto pra mim não interessa...

E você viu a calcinha da Aryane? Branquinha...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Era uma vez, o Eusébio...

Eusébio era o típico nerd. Trabalhava com informática, relacionava-se apenas naquele circulo limitado de internet/trabalho. Poucas eram as mulheres que o cercavam.
Talvez duas ou três amigas que ja eram praticamente irmãs e a mãe.
Eusébio adorava uma pornografia. Escondido, claro! Era daqueles que ficava os finais de semana em casa, rodando os canais na madrugada, caçando aqueles filmes estimulantes.
Ele era 'old-school'; não se interessava muito pela sacanagem escancarada dos sites de putaria.
Curtia mesmo era toda aquela fantasia, aquelas encenações....

Eusébio tinha pouco mais de 20 anos. Pouco menos de duas namoradas. Poucas horas de cama.

Numa dessas noites virtuais, Eusébio foi surpreendido....

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Como me gostaria um inimigo

Um bom, capaz de ser alvo o bastante. Assim, o condenaria a me ser na vida. Preso em tudo que sou, estaria ele condenado a despertares dolorosos, tardes nebulosas e noites repletas de estrelas estáticas, sem brilho.

hoje acordei meio aflito... deve ser a "tesoura do desejo",

mas o ar ainda está denso, as luzes opacas e o dia? parece-me que vai se desfazer em água...

acho que o sentimento do mundo é pouco para o que trago...

acho que vou precisar de mais um mundo. 

domingo, 10 de junho de 2012

Alzira


E no meio daquele estardalhaço todo, você me chega com esta cara e diz que não tinha culpa. Ah Alzira, faça-me o favor. Já aturei de tudo um pouco na vida, mas agora você me surpreendeu – Trêmulo, pega o cigarro no bolso esquerdo da camisa, retira um, busca o isqueiro verde no bolso direito da calça, ascende o cigarro, dá uma tragada e solta fumaça pelo canto da boca.
E tem mais, se aquele fi-lho-da-pu-ta disse aquilo tudo no meio do salão, é porque ele tem seus motivos. Se ele tem, alguém deu este motivo. E nem preciso falar quem deu este motivo. Não é Alzira? – Com a garrafa de café já pendurada em sua mão, abre a porta do armário vermelho e retira uma xícara Duralex marrom. Coloca-a em cima da mesa, tira a tampa da cafeteira, deixa descer o líquido negro até preencher dois dedos generosos de café. A fumaça sobe fazendo desenhos no ar.

Porra, eu não acredito que este trem vazou desta maneira. Era tudo o que não podia acontecer, mas a inconsequente nem sequer pensou um minuto. Um-mi-nu-to, um mí-se-ro-mi-nu-to, já era o bastante para parar e pensar. Porra! Porra! Porra! É muita merda num dia só. Alzira, você tem noção desta merda toda em que nos enfiou? – O Café desce a garganta queimando, mais um trago do cigarro, as mãos trêmulas e sujas se seguravam para não fazer o pior, o odor de cigarro e o aroma de café misturavam-se no ambiente pesado, tão pesado quanto à revelação feita no meio daquele salão.

E agora quero ver como vamos ficar nessa. Alzira honestamente não sei o que faço mais com você – Colocou a xícara Duralex marrom na pia, dirigiu-se até a porta, pegou na maçaneta, abriu a porta o bastante para passar e saiu pelo corredor afora.

Porra, Alzira! Porra!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

quem cala consente, quem não ouve, também.

22h15 da noite, depois de um jantar monotono. Ele senta no sofá, com o notebook no colo, e ela vai para a mesa do computador. Falam algumas amenidades e ele solta:

- Jú, eu te amo.
- Ah, amor! que fofo. Mesmo eu sendo tão boba?
- Uhum.
- Mesmo eu sendo tão insegura?
- Uhum.
- Mesmo eu sendo tão ciumenta?
- Uhum.
- Mesmo eu sendo tão infantil em certas horas?
- Uhum.
- Mesmo eu rasgando sua coleção de quadrinhos?
- Uhum.
- Mesmo eu queimando a camisa do Flamengo?
- Uhum.
- Mesmo eu metendo um chifre em voce?
- Uhum.
- Mesmo eu.... amor? amor??

Ah, seu filhodumaputa, esta de conversinha com um monte de piranha no MSN....


Juliana sai da sala....

segunda-feira, 4 de junho de 2012

adendo: é uma pena que a nossa presença seja tão ligeira e QUE não possamos saber mais (um com o outro) um do outro.
, ok? isto é apenas um blogue e eu apenas uma pessoa. como tantas outras, tb escrevo em um blog. não divulgo esse meu canto. geralmente visito poucos cantos também. pensei que, assim, poderia ficar mais tranquilo e sem a preocupação besta de ser julgado pelo que escrevo, mas esqueci que as outras pessoas também são apenas pessoas (carregadas de tudo o que o ser humano é).
bem, é a vida que segue e a morte que se aproxima, enquanto isso, na sala de justiça, um clássico da literatura empresarial me aguarda. tenho vontade de ir .... mas, 


lá vem!
tão normal
como se a possibilidade de um próximo sorriso não existisse mais,
ignora a pequenez de meu casulo
e descarrega uma pá generosa de intensidade.



[são toques, olhares, dedos, caminhares, teclares]


não se importa com as convenções malditas da noite,
violenta a vontade de chuvas torrenciais.


[como ferro gusa contra a tez frágil das águas]
 
ordena o caos cumulus-nimbuniano, 
enquanto queria apenas brisa no rosto.
....
resistir à voracidade de vida, àquilo tudo?
é inútil,
como a paixão.
sei que é apenas um vendaval,
passa,
traz seus destemperos
e me larga,
tão assim.


[como encontrou]

como a paixão,
sei que todo brilho na face é farsa,
mas acredito.

sigo entorpecido e aceito agradecido a fugaz eternidade daqueles recortes bem acabados de paz.

domingo, 3 de junho de 2012

Estela


Pois bem, hoje era o dia. O tão sonhado dia.

E você Estela, onde está?

À minha frente apenas o papel e a caneta. Ele branco. Alvo como o seu sorriso naquele dia em que lhe conheci. Sorriso leve que me levou até onde não imaginaria chegar. Já ela, rubra, como as lágrimas daquele choro latente do qual me servi no instante que lhe vi. Ali, de mãos dadas com aquele. Agora estou aqui. A minha frente, um papel e uma caneta.

Estela, como pode fazer isto comigo?

Fiquei meses e meses e meses preparando a vida para este grande dia. Era assim que nos referíamos há este dia: O grande dia. E agora, de que me adiantou as flores e os versos? Os cafés expressos e a dança de salão? Os passeios de mãos dadas e as tardes ensolaradas no banco da Praça da Liberdade? De nada adiantou. Agora estou aqui. E a minha frente, um papel e uma caneta.

E você, Estela? Será que pensou em mim ao menos uma única e estúpida vez?

Não há um só dia em que não penso em você. Seu cheiro de flor, flor que até hoje não descobri qual seria. Seu toque em minha pele. Seu hálito que me consumia. Seu andar malemolente que me fazia encantar pelas ruas de Belô. Seus pés que me pisoteavam, e ao mesmo tempo entorpeciam-me com o prazer de estar sob você. Sem falar no sexo, esse que me deixava completamente umedecido com teu gozo. E agora estou aqui. À minha frente, um papel e uma caneta.

Será, Estela? Você viu o que eu vi?

Diga-me, o que faço com estas borboletas? Elas que ainda estão aqui me infernizando a vida, pois a sua lembrança ainda me consome. Mas tudo bem, Estela. Ainda tenho o papel e a caneta a minha frente

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ippon


- Carlos, eu sou gay!

Com o copo de chopp escondendo a boca, Fabão se revelara! No bar, meu chopp repousava a espuma entre os segundos daquela frase e da ação. Nós dois, bebendo e depois dirigindo, cada um no seu carro, andando juntos contra a lei. Mas ele queria conversar e acabamos, como bons e autênticos machos, tomando um chopp naquele início de noite para molhar a palavra. Agora esta, Fabão?Justo o Fabão, amigo meu de longa data, já trabalhou comigo naquela concessionária de carros usados na época do Collor, gay? Fabão, que catou minha prima loirinha do interior de Santa Catarina, era gay? Mas como? Como um cara desejado por 9 entre 10 amigas minhas, tinha virado gay? Ah, não importa... ele confidenciou: gay! Porra, Fabão... justo você? Você, que inclusive me apresentou o judô, esporte que sempre praticamos na terça e quinta... juntos! E aquele ippon? Aquela imobilização perfeita do mês passado, você se debatendo embaixo de mim e eu bloqueando qualquer chance de fuga... você ali também era gay? O sorriso no seu rosto depois daquele golpe... agora acredito que não era por conta da minha perfeita técnica, técnica que aprendi contigo, mas pelo prazer do meu corpo contra o seu, deitados, suados em cima do tatame... será? Estou perdido, estou confuso: você é gay, meu querido amigo?

- Que tal praticarmos capoeira, Fabão?