quarta-feira, 11 de julho de 2012

O começo do fim


Helena estava num canto escuro, observando as pessoas que vieram de divertir neste sábado. Seu turno na boate já havia acabado, ainda não passava das duas da madrugada, mas as colegas que moravam com ela na república já haviam partido; elas tinham uma prova importante na manhã de domingo.
Apesar de estar cansada, ela ainda precisava encontrar a vítima da noite. Estava de olho num bonitinho que ficara pendurado no balcão durante todo o seu turno. Ele passara a maior parte do tempo descascando amendoins e pagando bebidas para jovens loiras oxigenadas, então ele provavelmente não estava bêbado, o que contava pontos para a inteligência de Helena.
O bonitinho voltara do banheiro direto para o balcão, mas a garota estonteante não estava mais lá. Pegou uma cerveja e foi procurá-la. Ela encontrou-o primeiro, abordou-o com um sorriso. Ele derreteu-se por ela. Conversaram por mais de uma hora. Ela vestia uma saia minúscula e um espartilho apertado e decotado, vestida para matar. Ele não desviava o olhar das coxas à mostra, não escondia seu desejo.
Terminaram a noite na cama dele. Antes passaram pelo banco traseiro do táxi, pelo elevador, pelo sofá da sala, pelo chão do corredor e pelo chuveiro. Quando finalmente deitaram na cama, já estavam exaustos, mas continuaram transando muito tempo depois do nascer do sol.
Assim que o rapaz dormiu, Helena levantou e procurou suas roupas espalhadas pelo apartamento. Ela sentou-se por um longo tempo na janela, admirando a manhã de domingo e o rapaz atencioso, inteligente e carinhoso que dormia tranquilamente.
Ao passar pela porta, uma lágrima solitária corria pelo rosto de Helena. Ela finalmente estava se arrependendo de tudo que vinha fazendo com os homens nos últimos anos. Deixara seu número verdadeiro no criado-mudo do rapaz e partira, esperando que em breve pudesse recuperar sua paz de espírito.

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