segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Maristella

O interfone toca. Ela fica atenta, sente que algo de errado está acontecendo. Ele, sem graça, despista a conversa ao aparelho. Gesticula, argumenta, pede clemência. Ela fica de longe só observando. Coloca-o novamente no gancho, passa a mão no rosto e caminha até a sala. Ela olhando. Ele se recompondo... Ela num olhar questiona, ele responde:
  
Não, não é bem isto. Você no-va-men-te não entendeu nada. É claro!, penso todos os dias. Tem razão. Como fui me enfiar nessa joça? Sei, sei e já disse que sei. Olha menina, não me venha com prerrogativas, a vida já não está fácil e, antes de mais nada, saiba: não é porque é você que tenho que abaixar a bunda e colocá-la na janela. Eu sei… eu prometi, mas eu não sabia que tudo isso ia dar nisso. Claro, seus olhos me encantam. Seu carinho me afaga. Mas a culpa não é minha. É dela, aliás, são deles. O que vamos fazer? Não abro mão de ti. Brigo. Pago. Rasgo. Pego este maldito contrato e rasgo. Vem aqui… pode dormir no quarto hoje. Boa noite, amanhã cedo penso direito...

Ela entra, caminha até ao lado da cama, roda pelo tapete verde e se aquieta. Em poucos minutos roncos e sossego

Nenhum comentário:

Postar um comentário